sexta-feira, 24 de setembro de 2010

onde as feias também tem vez

Devido a razões que renderiam livros, o Rio, desde a sua fundação, não foi necessariamente um ponto de exploração de recursos naturais, ao contrário de muitas vizinhas brasileiras. Porém, como a cidade que por mais tempo sediou a capital da nação, junto à burocratização e o desleixo de uma elite perniciosa que lá se instalou, engolimos hoje todos as mazelas sociais misturadas à beleza que (ainda) resiste. Não fosse pela estupidez portuguesa e a falta de visão de certos governantes durante o século XX, facilmente, seria a cidade mais linda do mundo.

Não posso dizer que sou calejada de viagens, mas com certeza já botei meus pés em alguns lugares interessantes. E hoje, com um certo grau de propriedade, afirmo que tive a sorte de nascer numa cidade lin-da. Maltrada, sim, mas é de fato tudo aquilo que falam e que a gente custa a acreditar enquanto vivencia a loucura que é o Rio.

Impressionante ver que países minúsculos como Holanda e Bélgica, aproveitam seus parcos recursos, seja na irigação por canais ínfimos, aproveitando adequadamente áreas de cultivos ou investindo em educação, tornando lugares frios e sem nenhum apelo visual em cidades encantadoras, frequentadas por turistas do mundo inteiro.

Outro aspecto que me chamou a atenção: Berlin, a capital e maior cidade da Alemanha, tem aproximadamente 3,5 milhões de habitantes, numa área de quase 892 km². O Rio, por sua vez, conta com 6 milhões de sobreviventes, tentando achar espaço dentro de 1.182 km². Basta olhar os mapas e ver que certas cidades tem o mesmo tamanho de certos bairros (isso mesmo, bairros) cariocas. Cada uma dessas cidadezinhas possui sua respectiva prefeitura e administração, incluindo o sistema de transporte pontual e controle rigoroso da região. Claro que a vida não é assim das mais animadas (e não me refiro à adrenalina de não ser assaltado à noite), mas as coisas no geral funcionam e vão muito bem, obrigado. Ainda que se considere as diferenças entre a autonomia municipal no Brasil e na Alemanha, isso renderia uma aula nas Subprefeituras.

Pois é, bom seria se a mais linda fosse melhor cuidada para que a beleza não se esconda de vergonha. Enquanto isso, deveria aprender com as cidades européias: discretas, antigas, simples, luxuosas, algumas reconstruídas pós guerras, mas igualmente charmosas.

Para ilustrar o post, achei que qualquer foto do Rio de Janeiro mostrando as paisagens que todo mundo conhece seria clichê, isso é fácil de encontrar no Google. Preferi o Circo Voador. Para quem vive ou só passa pela cidade, assistir um show no Circo é programa mais que recomendado, quase obrigatório.

Now playing: Bat for Lashes, porque eu preciso ensolarar estes insistentes dias de chuva do outono alemão.
Pobreza de link, mas depois explico porque alguns videos do You Tube aqui não são incorporáveis. aff...

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