terça-feira, 28 de setembro de 2010

encore et plus

Ai a França....

e a sua desproporcional quantidade de bandeiras nacionais, fazendo frente à uma solitária bandeira da União Européia. Duvida? Em uma volta rápida por Paris, passe por um prédio oficial, qualquer um, e poderá comprovar: são no mínimo três flâmulas tricolores ao lado de uma da UE. Fierté? Em se tratando dos gauleses, sempre, né...

Paris, então, tem até a sua própria síndrome. Procura no Google porque eu não sou o CID-10.

Então, cá estamos nós, de volta ao ponto de partida. Nada mal começar a conhecer a Europa por Paris, mas isso já faz um tempo. Vamos aos fatos. Definitivamente, eles não gostam de falar inglês, mas não se preocupe, porque na primeira viagem já é possível entender bastante coisa. Para alguma coisa a ambição romana serviu. Se você fala alguma alguma língua derivada do Latim , entender as demais não é tão complicado. Mas por favor, nada de arranhar a garganta e fazer biquinho, porque isso passa longe do Francês e faz vergonha. Bem, quanto menor a cidade, mais gentis as pessoas são. Talvez os parisienses não aguentem mais a turistada frequente e, convenhamos, turista pode ser uma criatura bem chata. Souvernis, fotos, lugares, até as poses são clichês. Se esmagar no meio dos japoneses para tirar foto da Monalisa, driblar mais turistas para entrar no elevador da torre Eiffel e por aí vai. Eu que prefiro as rotas mais indies, pago o pato pelos inconvenientes. Relaxa.

Curioso ver em alguns pontos já um pouco afastados de Paris as placas de trânsito que mostram, simplesmente, o desenho de um carro explodindo. 1968 já se foi, mas parece que muita gente continua insatisfeita. E daí? Fogo nos carros burgueses pra protestar. Sutil.

Mas não só por isso. Já ouvi duas versões diferentes dessa história. A primeira, é de que os tais protestos são frequentes em Paris e no final sempre sobra um molotov em cima do carro alheio. Já escutei também que por lá é comum atear fogo nos carros na noite do Reveillon. Dizem que não só os baderneiros, como os próprios donos dos veículos aderem a este ato "quase ecológico" e se aproveitam da situação para receberem o seguro. Lucrativo.

Já estive em Paris em Fevereiro, sem neve mas ainda bem fria, com os galhos secos e adorei. Desta vez era Primavera e como fazia calor na cidade, pude ver se sem a proteção dos casacos os parisienses sabem mesmo comprar roupa. Sim, faz jus ao nick de capital da moda. Um desbunde haha!!

Já que não sou o Amaury Jr., não vou ficar aqui descrevendo cada esquina de Paris. Corta!

Como você escolhe seus roteiros de viagem? Bem, como o imprevisto sempre sai melhor que o planejado e como eu não tenho hotel patrocinador que me obrigue a ficar numa cidade cobrindo a festa do queijomofoquaseestragado, então apenas pegamos o GPS, seguindo só uma regra: cidades pequenas no caminho para a Holanda. Começamos por Chantilly e só por curiosidade, tentamos dar uma olhada no castelo. De brinde, contemplamos um desfile de Ferraris barulhentas. Confesso que carros não me atraem, mas foi no mínimo engraçado, mais de 50 Ferraris, de várias cores e modelos, ordinariamente passando pelas ruas estreitas da cidade num domingo e saimos de lá sem descobrir o porquê. Andando destraída enquanto deletava fotos, do nada me vem uma coisinha linda com óculos de nerd de aro azul, com o nome de David, me perguntar alguma coisa sobre tirar fotos. Quando viram que eu falava espanhol, pediram ao menino que dissesse como si llama, mas o David só queria mesmo me contar, do alto dos seus 5 ou 6 anos, eufórico, o que ele achou das Ferraris. Próxima.

Cidades encantadoras, muito pequenas, em cada uma experimentamos algum pão ou doce local. Nos arredores de Amiens, vários cemitérios em homenagem aos soldados da 1a Guerra. Ao contrário da visão que se tem destes lugares, são memoriais muito bonitos, que mais se assemelham a jardins e que continuam minuciosamente preservados pela própria população local, como uma forma de agradecimento, já que neste local foram travadas importantes batalhas da 1ª GM. Em Albert visitamos um museu da 1a Guerra muito interessante. A princípio, a pequena vitrine de uma instalação simples, com artigos da época e bonecos vestidos com fardas originais. Só pra variar, chegamos em cima da hora, tínhamos 30 min para visitar o museu. Descendo as escadas, saímos num corredor apertado e com odor característico de antiquário. Tudo muito legal. De repente me deparo com uma grade, atrás da qual encontravam-se mais bonecos em tamanho real, ilustrando uma cena típica da guerra, ora jogando cartas, ora com máscara de gás ou cuidando dos feridos. Ao final do corredor, era possível escutar sons de tiros e bombas. Não é que a porta lá no fim, já perto de ir embora, era um corredor de 30m, quase sem luz, com todos os "war sounds" que você pode imaginar, uma espécie de museu live action, com a reprodução do ambiente de guerra. Neste site tem algumas fotos do museu.

http://www.warmuseums.nl/gal/144gal.htm

Riqueza de detalhes.

Às margens do rio Cher (não pude deixar de lembrar DA Cher), encontramos uma cidade linda. Selles sur Cher, muito conhecida pela produção de queijos. Tive a oportunidade de experimentar alguns e, de fato, são maravilhosos. Como toda cidade de interior, tem a sua igrejinha. Perto da hora de fechar, entramos e fomos carinhosamente recebidos por uma senhora chamada Anne, que fez questão que ficassemos mais alguns instantes para ver melhor. Fofa.

França sempre rende história...É isso? É, e um pouco mais também.

Now playing: Stromae. Allors on danse é o primeiro hit desse cantor belga-ruandês, que na verdade se chama Paul van Haver. Tipo Stereo Love, gruda na cabeça e tocou bastante por aqui no "verão", mas é muito boa!








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